Um estudo da OpenAI, a empresa que desenvolve o chatbot inteligente ChatGPT, revelou que profissões como jornalista, tradutor, contabilista e programador estão entre as mais expostas à inteligência artificial. Os chatbots são modelos de linguagem que permitem que máquinas respondam como se fossem humanos, aprendendo a língua e o jeito de falar após estudar vários textos. Os pesquisadores utilizaram o O*Net, equivalente norte-americano à Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), para listar as incumbências de várias profissões e analisar quais delas poderiam ser realizadas com inteligência artificial de forma mais eficiente, ou seja, com mais “exposição” à tecnologia. Quanto maior a exposição, maior a chance de automatização, já que o ChatGPT é capaz de reduzir o tempo gasto por humanos para realização de uma tarefa em pelo menos 50%.
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Adicionalmente, as profissões que possuem mais tarefas que podem ser realizadas pelas habilidades do ChatGPT foram classificadas como tendo uma “maior exposição” ao chatbot. De maneira geral, ocupações relacionadas à programação e escrita são mais propensas a serem automatizadas, conforme o estudo:
100%: contabilista e auditor, matemático, jornalista, assistente administrativo, secretário jurídico.
Entre 90 e 100%: engenheiro de blockchain
97,1%: secretário de correspondência
95,2%: taquígrafo
92,9%: legendadores
90,9%: revisor
Abaixo de 90%: pesquisador de mercado
84,4%: intérprete
82,4%: tradutor
80,6%: especialista em relações públicas
82,5%: escritor
O estudo também estima que profissões com salários mais altos têm maior probabilidade de serem automatizadas em comparação com aquelas com salários mais baixos. Entre as profissões menos expostas ao ChatGPT estão operador de máquina agrícola, lavador de louça, mecânico de motocicletas e outros trabalhos manuais. A sobrevivência desses trabalhos está mais relacionada ao alto custo da robótica e às normas sociais do que a qualquer outra coisa, explica Carl Frey, pesquisador da Universidade de Oxford e considerado um dos maiores especialistas no assunto no mundo. Ele explica que em alguns países a automatização por robôs é muito cara e acaba sendo mais vantajoso manter um ser humano no trabalho. Além disso, há lugares onde há preferência, por exemplo, pelo atendimento humano. Existe motivo para se preocupar?
A tecnologia não vai substituir as pessoas, mas o mercado vai preferir pessoas que sabem lidar com tecnologia
Primeiramente, o estudo da OpenAI apresenta algumas limitações, como levar em consideração apenas o desenvolvimento de softwares para tarefas baseadas no ChatGPT, extrapolando as capacidades do sistema. Além disso, é limitante definir profissões apenas por suas tarefas. Em 2019, o professor da UnB Pedro Albuquerque realizou uma pesquisa semelhante à da OpenAI, porém, levando em conta como a automatização afetaria o mercado de trabalho no Brasil. Sua principal conclusão é que haverá uma mudança, mas não necessariamente a eliminação imediata das profissões com maior tendência a serem automatizadas. Para ele, ferramentas como o ChatGPT devem fazer com que as pessoas se concentrem em tarefas humanas em suas ocupações, como gerência, liderança, empatia, coordenação de atividades e conexão humana, além de atividades relacionadas à criatividade e originalidade dentro de uma profissão. É inegável que com o tempo algumas profissões serão substituídas pela automação, principalmente aquelas relacionadas a trabalhos que podem ser realizados sem muita subjetividade humana, como digitador, despachante, frentista, entre outros. O professor da FGV Direito Rio, Luca Belli, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da instituição, acredita que o governo deve estar atento aos efeitos da automatização no mercado de trabalho e direcionar esforços para contê-los.
Adaptado de https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/04/06/chatgpt-vai-roubar-seu-emprego-estudo-mostra-profissoes-mais-expostas-a-ia.htm